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Neuroplasticidade

  • Foto do escritor: Rogério Melaré
    Rogério Melaré
  • 6 de set.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de out.

A neuroplasticidade é a capacidade do sistema nervoso de se modificar ao longo do tempo. Em termos simples, é a habilidade do cérebro e da medula espinhal de criar novas conexões, fortalecer ou enfraquecer sinapses existentes e até redirecionar funções após lesões. Durante décadas acreditou-se que o cérebro era uma estrutura fixa depois da infância, mas hoje sabemos que ele é extremamente dinâmico — e isso muda completamente a forma como entendemos o desenvolvimento infantil e a reabilitação neurológica.


Na infância, essa maleabilidade é ainda mais intensa. O cérebro de uma criança funciona como um laboratório em expansão constante: a cada nova experiência, estímulo sensorial ou movimento, novas redes neurais são criadas e refinadas. Essa janela de plasticidade é justamente o que torna a fisioterapia neurofuncional pediátrica tão poderosa.


Neuroplasticidade em pediatria


Quanto mais funcional e motivadora for a prática, maiores as chances de as novas conexões serem estabilizadas.


A aprendizagem pelo treino e repetição está diretamente ligada a esse mecanismo.


O objetivo da fisioterapia neurofuncional não é apenas “treinar músculos” ou “ensinar movimentos”, mas guiar o sistema nervoso na construção de caminhos eficientes para o controle motor, a percepção e a funcionalidade.


Quando um bebê com paralisia cerebral aprende a sustentar a cabeça ou quando uma criança com atraso global do desenvolvimento começa a se locomover de forma independente, o que está acontecendo não é apenas uma conquista física — é uma reconfiguração neural profunda.


Quando uma tarefa é praticada diversas vezes, os circuitos neurais envolvidos são constantemente ativados, favorecendo a consolidação dessas conexões. Esse reforço aumenta a eficiência da transmissão dos impulsos nervosos, tornando a execução da atividade mais rápida, precisa e automatizada. É o que acontece, por exemplo, quando uma criança aprende a andar de bicicleta, um estudante pratica a leitura ou um paciente em reabilitação realiza exercícios motores.


Neuroplasticidade e fisioterapia neurofuncional

Para isso, o fisioterapeuta trabalha com princípios que potencializam a neuroplasticidade: repetição de tarefas significativas, variação de contextos, estímulos sensoriais ricos e participação ativa da criança nas atividades. A plasticidade não acontece de maneira passiva; ela precisa de desafios, de intenção e de experiências que façam sentido para o cérebro. Quanto mais funcional e motivadora for a prática, maiores as chances de as novas conexões serem estabilizadas.

Neurônio

Outro ponto essencial é o tempo. Intervenções precoces têm impacto maior porque aproveitam o pico da plasticidade cerebral nos primeiros anos de vida. Cada interação terapêutica nessa fase é uma oportunidade de moldar não apenas o movimento, mas a forma como a criança percebe e se relaciona com o mundo ao seu redor.


Assim, a repetição não é apenas uma forma de memorização mecânica, mas um estímulo essencial para que o cérebro se reorganize e aprimore suas funções. Esse princípio é amplamente utilizado em processos de educação, treinamentos esportivos e programas de reabilitação neurológica, onde o treino sistemático promove ganhos funcionais e amplia a capacidade de adaptação do indivíduo.



Em resumo, a neuroplasticidade mostra que o cérebro é dinâmico e moldável, e que a aprendizagem por treino e repetição constitui uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento de habilidades, a recuperação de funções e a conquista de novas competências ao longo da vida.


Dess maneira, a neuroplasticidade é o alicerce invisível sobre o qual se constrói a fisioterapia neurofuncional pediátrica. Ela transforma a reabilitação de um processo de compensação em um processo de transformação. E nos lembra de algo fundamental: não tratamos apenas músculos e articulações, tratamos cérebros em desenvolvimento — e cérebros que, quando estimulados com ciência e sensibilidade, são capazes de possibilidades extraordinárias.


Esse entendimento muda a prática clínica: cada toque, cada estímulo e cada brincadeira planejada com intencionalidade terapêutica é uma semente plantada no tecido neural, capaz de florescer em autonomia, aprendizado e qualidade de vida.



Texto sujeito a alterações e atualizações

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